A Porta Estreita: Combate da Alma entre Deus e o Mundo

Cidade de Deus x Cidade dos homens: servir aos prazeres do mundo ou o prazer em servir a Deus? Um guia espiritual para a vida da alma segundo a doutrina católica.

“Dois amores fundaram, pois, duas cidades, a saber: o amor-próprio, levado ao desprezo a Deus, a terrena; o amor a Deus, levado ao desprezo de si próprio, a celestial. Gloria-se a primeira em si mesma e a segunda em Deus, porque aquela busca a glória dos homens, e tem esta por máxima glória a Deus, testemunha de sua consciência.” – Santo Agostinho, A Cidade de Deus, Livro XIV, Capítulo XXVIII.

A Porta Estreita: Combate da Alma entre Deus e o Mundo

O prazer imoderado e egoísta leva o homem à queda, assim como o orgulho levou o anjo de luz às trevas. O primeiro sinal é a desobediência à Providência divina. (Pr 16,18; CIC 1849; Gn 3,6-7; CIC 399)

A busca dos bens sensíveis sem submetê-los a Deus leva ao encarceramento do ser em todos os seus cinco sentidos. (Mt 6,19-21; 1Jo 2,16; CIC 2514-2515)

Os vícios se ampliam como o vírus que se espalha pelo corpo: um só não faz estrago, mas o exército deles destrói as barreiras das virtudes e contamina todo o homem. (Rm 6,16; CIC 1865)

A luxúria degrada a alma até o último nível de impureza possível e a assemelha aos animais irracionais. (1Cor 6,18; 1Ts 4,3-5; CIC 2351)

Os pecados graves são rotina e o juízo é firmado pelo prazer que proporciona: é como viver em Sodoma e Gomorra. (Gn 19,24-25; Is 5,20; CIC 1865-1866)

Enquanto o mundo aplaude, o trigo do mundo é o joio da plantação do juízo particular. (Mt 13,24-30; Mt 13,41-43; CIC 1022)

As duas cidades conflitantes não podem permanecer visíveis eternamente: a cidade dos homens vai cair como a grande Babilônia; e a cidade de Deus vai triunfar na Jerusalém celeste. (Ap 18,2; Ap 21,2; CIC 769)

A igreja católica é o caminho visível entre o caos e a perfeição; o meio é Cristo — chefe e modelo da Igreja — e os sete dias da criação representam o prelúdio da plenitude eterna, nas delícias do jardim do Éden. (Mt 16,18; Ef 1,22-23; Gn 1,31; Gn 2,8; CIC 748, 279)

O sopro de vida é dado por Deus Pai; a salvação e justificação vêm pelo Filho, Jesus Cristo; e a graça que move a alma na busca dos bens eternos procede do amor mútuo pelo Espírito Santo. (Gn 2,7; Jo 14,6; Rm 5,5; 1 Cor 6,11; CIC 258, 1987)

Há um abismo entre a perfeição divina e o homem pecador. Graças à misericórdia divina, o homem se aproxima de Deus e é incorporado no corpo místico de Jesus Cristo, pelo batismo e recepção dos sacramentos. (Rm 3,23-24; Rm 11,30-32; Ef 2,4-5; CIC 1263-1265)

Se perseverar até o fim, recebe a coroa incorruptível da eternidade no Pai, pela cooperação com a graça; do contrário, não será um dos convidados do banquete do Cordeiro. (Mt 24,13; Ap 2,10; Ap 19,9; CIC 2021-2022)

Porém a salvação não está sob controle total do homem, porque denota soberba. Afinal, não são as obras em si que justificam ou salvam o homem decaído pelo pecado de nossos primeiros pais, mas a fé em Cristo acompanhada de obras de caridade. (Rm 3,28; Tg 2,26; CIC 1991, 1815)

Basta ao homem humilhar-se a Deus pela porta da oração e se reconhecer impuro e indigno de praticar qualquer ato bom sem a prévia graça de Deus. (Tg 4,6; Jo 15,5; CIC 2559)

Ao reconhecer a sua incapacidade de realizar o bem, pela oração o homem faz atos de adoração e súplicas ao Pai, pedindo que o ensine a praticar obras que Lhe agradem. (Sl 50,12; Mt 7,7; CIC 2629-2631)

O Pai — movido de compaixão — refreia a justiça divina e recebe o filho com alegria, como o filho pródigo. (Lc 15,20; CIC 1439)

Mas quais obras? As que Jesus Cristo nos ensinou pela prática da caridade e amor ao próximo, tudo conforme a vontade de Deus: é a plenitude da Lei dada a Moisés no Sinai. (Mt 22,36-40; CIC 1965-1966)

Eis que surge o ponto crucial na vida do ser humano: pelo livre-arbítrio, é a minha vontade que vai decidir qual rumo tomar. Assim eu quero estar à esquerda ou à direita de Deus no dia do juízo final? (Dt 30,19; Mt 25,31-46; CIC 1730, 1033)

Mesmo fazendo a escolha errada, graças ao sacramento da Confissão ainda é possível restituir a inabitação trinitária na alma apartada de Deus pelo pecado mortal, por pura misericórdia divina, até o último momento de vida: arrependei-vos porque está próximo o Reino dos céus. (Mt 4,17; Jo 20,22-23; Lc 15,7; CIC 1446-1468)

Lembre-se que todos viemos do pó e ao pó retornaremos… mas qual destino o reserva? Cooperar com o Pai, ou desobedecê-lo até o fim? (Gn 3,19; Hb 9,27; CIC 1022)

O homem não é e nunca será o criador do mundo, mas ao homem somente foi dada a administração dos bens criados por Deus. (Gn 2,15; CIC 373)

Se o homem é um administrador infiel, terá de prestar contas ao seu senhor: é o juízo particular. (Mt 25,14-30; CIC 1021-1022)

Mas por que há tantos males e enfermidades em todos os tempos? O salário do pecado é a morte, portanto é o preço pela desobediência humana. (Rm 6,23; Rm 5,12; CIC 1008)

Mas ainda há esperança, porque a porta da vida em Cristo é estreita, mas ainda não está fechada. O semeador saiu a semear… receba a semente da palavra de Jesus Cristo em campo fértil, porque ainda é tempo de produzir frutos agradáveis a Deus, como as primícias de Abel. O campo fértil é submeter a vontade humana à vontade de Deus, em tudo. (Mt 7,13-14; Mt 13,4-8; Mt 3,8; CIC 1817, 1724)

A base é a humildade, e a perfeição é o amor ao Deus uno e trino, pela caridade. Peça-Lhe as graças necessárias pela oração, e lhe serão dadas. A decisão é sua! (Tg 4,6; Jo 15,12-13; CIC 2559, 1822)

servir a Deus ou servir ao mundo?

Cidade dos Homens – Prazeres do Mundo (queda da alma)

1. Desobediência a Deus: Recusa da vontade divina, raiz de todo pecado (como Lúcifer e Adão).

2. Apego aos deleites sensíveis: Busca dos prazeres dos sentidos sem referência a Deus (corpo acima da alma).

3. Vontade enfraquecida: A alma perde o domínio sobre si mesma e torna-se escrava das paixões.

4. Vícios: Hábitos repetidos de pecado que corrompem as virtudes e obscurecem a consciência.

5. Pecados graves (mortais): Estado de vida como Sodoma e Gomorra: alma morta espiritualmente e afastada da graça.

Cidade de Deus – Prazer em Servir a Deus (elevação da alma)

1. Conformidade à Vontade de Deus

2. Fortaleza de alma: Resistência ao pecado e às tentações, sustentada pela graça.

3. Vontade fortalecida pelas Virtudes e pelos Dons do Espírito Santo

4. Santo temor de Deus: Não é medo servil, mas respeito reverencial e amoroso que evita ofender a Deus.

5. Fuga das ocasiões de pecado e perseverança: Escolher o bem, evitar o mal, vigiar e orar. Caminho estreito que leva à vida eterna.

Referências

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